“Simone é demais, eu simplesmente a adoro. Ela vai fundo, penetra na alma”, declarou o produtor Quincy Jones no programa Por Acaso, da TV Manchete, em 1994. Ao ser perguntado sobre qual música gostaria de ouvir caso o mundo acabasse amanhã, responde: “sem dúvida seria Miles Davis, Miles Ahead, todo o álbum. Essa seria uma para mim. E a outra seria Começar de Novo, com a Simone. Sim. Ela me faz ficar arrepiado”.
Mas a carreira fora do Brasil começou a se firmar bem antes de Simone conhecer Quincy Jones, que a chamou para participar de duas edições do tradicional Montreux Jazz Festival. Os primeiros convites para se apresentar no exterior surgiram logo no início da carreira, após o lançamento de seu primeiro LP, Simone, de 1973. A convite de Hermínio Bello de Carvalho, Simone participa do espetáculo chamado Panorama Brasileiro, juntamente com o Tamba Trio, Roberto Ribeiro, João de Aquino e o grupo folclórico Odoiá. A estreia acontece no Olympia de Paris, França. Seguem para Alemanha e Bélgica, onde o crítico André Drossart, do jornal Le Soir, destaca Simone como “uma grande cantora, com sorriso de madona, felina até a ponta dos seus dedos, uma frágil sensualidade transpirando em cada uma das suas músicas”. No ano seguinte, o novo espetáculo intitulado Festa Brasil, também produzido por Hermínio Bello de Carvalho, com Simone, João de Aquino, Tenório Júnior, Fernando Leporace, Pascoal Meirelles, Chiquito e o Grupo Folclórico Viva Bahia, é apresentado em 20 cidades entre Canadá e Estados Unidos, incluindo o auditório do Felt Forum Madison Square Garden de Nova York, com sucesso de público e crítica. “O grande momento do show é Simone. Ela tem uma profunda, penetrante e maravilhosa voz, de generosa tessitura”, escreveu Patricia O’Haire do Daily News. Em 1985, apresenta a turnê Alma do Brasil em 14 cidades do Japão. Os espetáculos geram um especial exibido pela emissora japonesa NHK. No programa do show Alma do Brasil, L.P.Lindenberg Sette (Embaixador do Brasil no Japão) diz: “Mais uma vez a música popular brasileira se faz presente em palcos japoneses. A cantora Simone é uma magnífica representante dessa música criativa, original e empolgante que vem do Brasil. Ouvir Simone é entrar em universo brasileiro, tão cheio de cor, sensualidade e beleza. Com o seu reconhecido prestígio nacional e internacional, Simone certamente empolgará as plateias japonesas”.
Com os fãs portugueses, Simone desenvolveu uma relação muito especial, desde a primeira apresentação em 1980, ao lado de Chico Buarque, Edu Lobo e MPB4 na Festa Avante. Apenas seis anos depois, ela retorna ao país para uma temporada de seis espetáculos no Coliseu dos Recreios, Lisboa, e dois no Coliseu do Porto Ageas, Porto, batendo recorde de público. A série rende um especial exibido pela RTP e um Disco de Prata da gravadora CBS de Portugal pelas vendas do álbum Cristal. Simone acaba retornando ao país diversas vezes e canta com cantores lusos como Eugénia Melo e Castro, Dulce Pontes e Luís Represas.
Já com o público espanhol e latino americano o marco inicial foi a gravação da música Yo No Te Pido, de Pablo Milanés, no disco Amar, em 1981. Em 1984, apresenta o show Cuerpo y Alma del Brasil, dirigido por Flávio Rangel, no Estádio Obras Sanitárias, em Buenos Aires, Argentina, com grande sucesso de público e exibição do show pela emissora ATC em todo o país. Canta com dois grandes tenores espanhóis: Plácido Domingo, em 1988, e José Carreras, em 2001. Nos anos 90 a artista grava cinco álbuns inteiramente em espanhol: Simone (1991), La Distancia (1993), Dos Enamoradas (1996), 25 de Diciembre (1996) e Loca (1998). A cantora coleciona apresentações na Espanha, Argentina, Uruguai, Chile, México, Cuba, Porto Rico, Peru, República Dominicana e Venezuela, onde grava No Te Sorprendas, de José Luis Perales, no disco El Ultimo Beso, do cantor José Luiz Rodrigues.
Canções emblemáticas da Cigarra embalaram filmes, novelas e seriados nos últimos 50 anos.
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